O que você deve saber sobre o COVID-19
Este artigo será atualizado regularmente com base nos conhecimentos médicos mais recentes.
Desde o início de 2020, uma nova infecção respiratória, chamada COVID-19, tem se espalhado da Ásia para o resto do mundo. Esse surto é causado por uma nova espécie dos coronavírus conhecido como SARS-CoV-2.
No início, a maioria dos casos reportados eram provenientes da China, no entanto, agora, há mais casos registrados do lado de fora do que de dentro das fronteiras chinesas. Mais de 200 países já registraram casos de infecção pelo COVID-19 e muitos estão vivenciando infecção em massa. A Organização Mundia de Saúde (WHO) considerou esse surto uma pandemia e os noticiários estão cheios de casos sobre o COVID-19. No entanto, será que há razões para você se preocupar? O que você deve saber sobre esse vírus novo?
Os nossos médicos nos ajudaram respondendo algumas das perguntas mais frequentes.
Risco
O quão provável é que eu me contagie com o COVID-19? Tenho que me preocupar?
Muitos países de todos os continentes, com predominância na Europa e nos EUA, revelam números crescentes de casos. Dessa forma, se você se encontra em uma área de propagação do vírus, você deve levar o risco a sério e tomar todas as medidas de prevenção necessárias e recomendadas. Apesar disso, se você não estiver em uma área onde o COVID-19 está se espalhando, suas chances de obtê-lo ainda são relativamente baixas. Em ambos os casos, a situação está rapidamente se modificando por isso, manter-se atualizado sobre a situação atual com a sua autoridade de saúde local é fundamental.
Porque algumas pessoas apresentam sintomas mais severos que outras?
Enquanto todas as pessoas de todas as idades estão sujeitas a se contaminarem, quatro de cinco vão experienciar a doença de forma leve ou moderada. Aqueles com idade maior do que 60 anos e com doenças pré-existentes (doença cardiovascular, diabetes, ou pressão alta) são mais vulneráveis a experienciar a doença de forma grave. As crianças, no entanto, parecem ser menos afetadas.
Quais são os sintomas típicos do COVID-19?
Para todos aqueles que possuem os sintomas típicos é improvável que o novo coronavírus seja a causa de todos eles, especialmente no hemisfério norte onde está o período de infecção pelo influenza está se iniciando. Você terá grandes chances de estar infectado se você além de apresentar os sintomas, também tiver tido contato com o vírus.
Posso estar infectado pelo COVID-19?
Para todos aqueles com os sintomas típicos, o novo coronavírus é improvável de ser a causa, especialmente no hemisfério norte onde está se iniciando o período de infecção pelo influenza. Você terá grande chance de estar infectado se você além sintomas, tiver entrado em contato com o vírus.
O que devo fazer caso eu me infeccionar?
Como as medidas se diferenciam entre países o mais importante é entrar em contato com a autoridade de saúde local para se informar dos seus próximos passos. Antes de ir ao médico, para a emergência de uma clínica ou hospital, ligue e informe os seus sintomas, suas viagens recentes, contatos e siga as orientações. Enquanto isso, evite o contato com outras pessoas e não viaje. Cubra a sua boca com um lenço ou com o seu braço (não use suas mãos) quando tossir ou espirrar e lave as mãos regularmente com sabão e água por pelo menos 20 segundos. Use desinfetante se sabão e água não estiverem ao seu alcance.
Se você está preocupado com a possibilidade de estar infectado, agora pode usar a avaliação e o verificador Ada COVID-19. Lembre-se de que testes adicionais serão necessários para diagnosticar o COVID-19.
O COVID-19 pode causar mortes?
Sim, é possível morrer de complicações ocasionadas pelo COVID-19. Uma porcentagem pequena (atualmente cerca de 3,4 por cento) das pessoas que se infectaram desenvolveram um caso grave da doença que levaram a morte. Isso quer dizer que a maioria das pessoas infectadas se recuperam. A mortalidade é alta entre aqueles com mais de 60 anos e com condições médicas pré-existentes.
Por que as taxas de letalidade são tão diferentes entre os países?
Se você seguir os relatos da mídia, fica claro que a taxa de letalidade por COVID-19 (TLC), difere muito de país para país. Na Itália e na Espanha é de cerca de 10 por cento, e na Alemanha ou na Noruega, essa taxa é inferior a um por cento.
Há várias explicações possíveis. Um estudo recente calculou o número real de casos por país, levando em consideração a subnotificação e a capacidade de teste. Concluiu-se que até o final de março, 15 por cento da população espanhola já estava infectada, contra apenas 0,8 por cento na Alemanha. Portanto, os estágios da pandemia em cada país parecem diferir bastante. A TLC pode mudar nos países ao longo do tempo.
Além disso, o número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) varia muito. Os países com menor TLC tiveram até três vezes mais leitos de UTI por população do que os países com maior TLC. Além disso, diferentes estratégias de teste entre os países afetam a TLC.
A influenza é um coronavírus?
Não, os vírus da influenza são diferentes dos coronavírus, mesmo causando sintomas semelhantes e sendo ambos transmitidos através da saliva.
Transmissão
Como o COVID-19 é transmitido?
A transmissão do COVID-19 é semelhante a de outros vírus respiratórios. Ele é transmitido principalmente através da saliva quando uma pessoa contaminada tosse ou espirra. Normalmente, esses pingos só atingem pessoas (objetos e superfícies) próximo a ela e em regra geral só alcançam um raio de até dois metros. O vírus parece não ser encontrado no ar ou transmitido através da rota fecal-oral.
Só as pessoas doentes podem espalhar o vírus?
Como o vírus é transmitido por gotículas respiratórias, é muito provável que se espalhe por sintomas como espirro e tosse. No entanto, algumas pessoas foram infectadas após o contato com casos confirmados de pessoas que não apresentavam sintomas ou que apresentavam de forma muito leve naquele momento. Estudos mostram que a transmissão assintomática (sem sintomas) parece ser o responsável por 40-60 por cento das infecções, mas isso ainda precisa ser confirmado.
Quanto tempo o vírus sobrevive em superfícies?
Os primeiros resultados indicam que o COVID-19 pode permanecer nas superfícies de algumas horas a vários dias, dependendo da superfície, temperatura e umidade. Use um desinfetante padrão para limpar as superfícies e objetos para evitar infecções. O COVID-19 não se espalha por cartas ou correspondências provenientes de uma região afetada.
O que é o período de incubação do COVID-19?
O período de incubação é o tempo entre a infecção e o início dos primeiros sintomas. O período em média de incubação do COVID-19 é de cinco a seis dias, mas podendo variar entre um a 14 dias.
Os humanos podem contrair o COVID-19 de animais?
A origem do vírus ainda não está clara, mas a pesquisa aponta para os morcegos. Até agora, existem muito poucos relatos de COVID-19 em animais domésticos (um gato e um cachorro) e nenhuma documentação de transmissão deles para humanos. Um tigre do zoológico de Nova Iorque foi testado positivo para o COVID-19, ele provavelmente foi contaminado através do contato próximo com algum empregado do zoológico que estava infectado.
Por quanto tempo uma pessoa com COVID-19 é infecciosa?
Há pouca informação disponível sobre a duração da infecciosidade. O vírus pode ser detectado por várias semanas em amostras de pessoas infectadas. Entretanto, isso não significa que o vírus esteja ativo ou infeccioso. Um pequeno estudo mostrou que o vírus ativo era detectável em zaragatoas na garganta por até quatro dias após o início dos sintomas e até oito dias em amostras de escarro. O vírus ativo não foi detectado no sangue, fezes ou urina. Os resultados deste estudo sugerem que as pessoas permanecem infecciosas por até oito dias, com infecciosidade reduzida após quatro dias. Esses resultados precisam ser confirmados em um estudo maior.
Posso obter o COVID-19 várias vezes?
Novamente, ainda sabemos pouco sobre o COVID-19, principalmente em relação às questões mais duradouras. Mas pessoas podem desenvolver por curto tempo uma imunidade em outros casos dos coronavírus. Há também um estudo muito pequeno com macacos que se infectaram pelo COVID-19. Esses macacos não foram capazes de se infectar novamente, então a imunidade pode ser assumida. Entretanto, estes são resultados muito recentes em apenas quatro macacos, por isso são necessários mais testes, mas os resultados preliminares podem dar alguma indicação de possível imunidade também em humanos.
Prevenção
Como posso prevenir uma infecção do COVID-19?
Evitar a exposição ao vírus é a melhor maneira de prevenir a infecção. Algumas medidas padrões de prevenção incluem:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se não houver água e sabão, use um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Permanecer em uma distância de no mínimo dois metros de qualquer pessoa que tenha febre ou tosse.
- Ficar em casa quando tiver sintomas, mesmo que leves.
- Cobrir a boca sempre que tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogá-lo no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Devo usar a máscara?
As máscaras são mais eficazes na prevenção de indivíduos infectados espalharem a doenças do que para a proteção daqueles que não estão doentes. Você não precisa de uma máscara se não tiver sintomas respiratórios. Não é necessário e nem útil. Você pode usar uma máscara se tiver sintomas respiratórios - como tosse ou dificuldade em respirar - para limitar a propagação de gotículas respiratórias. No entanto, alguns países recentemente tornaram obrigatório o uso de máscaras em público para diminuir a propagação do vírus por aqueles que possam estar infectados. Ainda está para ser provado se isso será eficaz.
Os profissionais médicos usam máscaras com filtro especial que ajustadas ao rosto podem reduzir os riscos de contaminação. O público não deve fazer uso dessas máscaras, pois elas estão em escassez e são exigidas por profissionais médicos para prestarem cuidados de forma segura.
Tratamento
Existe vacina contra o COVID-19?
No momento não há vacinas. O processo de elaboração de vacinas é complicado e de longa duração e que normalmente levaria anos. Em certas circunstâncias, como os vírus novos da influenza, existem métodos estabelecidos que podem acelerar esse processo. Dito isto, o COVID-19 foi detectado apenas no início de janeiro de 2020, apesar de termos muitos estudos em andamento, até mesmo nos cenários mais otimistas, levaria alguns meses para que uma vacina estivesse disponível e que venha a ser testada e usada amplamente.
Ainda assim, há muitos estudos em andamento sendo testados de algumas drogas que já foram usadas no combate a malária, ebola, HIV. O teste deverá mostrar se essas drogas são eficazes no tratamento de pacientes com COVID-19. Os primeiros resultados devem ser disponibilizados em breve.
Resfriado comum ou COVID-19 – como identificar a diferença?
Os sintomas do resfriado comum e do COVID-19 são muito semelhantes. É por isso que é importante entender o que chamamos de "exposição", ou seja, a possibilidade de infecção pelo contato com o COVID-19, para poder diferenciar as duas. Além de demonstrar os sintomas típicos de febre, tosse seca, falta de ar ou fadiga, as pessoas com COVID-19 também costumam estar em uma área onde o vírus já está se espalhando ou em contato com uma pessoa já diagnosticada com o novo coronavírus.
Embora não seja fácil diferenciar um resfriado do COVID-19, isso também significa que, para a maioria das pessoas, a infecção não parece ser pior que um resfriado comum.
Como é feito o diagnóstico do COVID-19?
A infecção é confirmada através de testes respiratórios e de sangue em laboratórios especializados. Testes de anticorpos estão em desenvolvimento para identificar infecção e nível de imunidade.
Perspectiva
Quando o surto irá acabar?
Esta é uma pergunta difícil de responder. No momento, há pouca indicação de que isso irá parar em breve. Assim como a pandemia leve de influenza em 2009/2010, é possível que o COVID-19 se espalhe pelo mundo. Apesar de ser possível que ele diminua a velocidade na primavera - como a gripe sazonal a cada ano - a análise inicial do vírus indica que o aumento da temperatura não reduzirá significativamente a velocidade da transmissão.
O que é “distanciamento social” e como “achatar a curva”?
Simplificando, “distanciamento social” significa ficar em casa quando puder. Quando você sair de casa, mantenha-se a dois metros de distância das pessoas com quem você não mora junto pode ajudar a reduzir a infecção.
Alguns países adotaram medidas restritivas de distanciamento social. Eles fecharam escolas, escritórios, bares, cafés e lojas, ou apenas permitem que as pessoas saiam de casa quando é absolutamente necessário.
Isso está ajudando a “achatar a curva”, adiando e reduzindo o pico da pandemia, resultando em menos casos simultâneos e, idealmente, menos casos no total. Durante a pandemia, isso limita a sobrecarga nos sistemas de saúde e ajuda a liberar as UTIs para os casos mais graves.
As medidas de prevenção estão funcionando?
Para julgar se as medidas de controle estão funcionando, precisamos saber como avaliaremos seu sucesso. Um indicador importante é o número básico de reprodução (R0) de uma doença infecciosa. Este é um termo matemático usado por epidemiologistas para calcular quão contagiosa é uma doença infecciosa. O valor indica o número de outras pessoas que uma pessoa infectada irá contagiar, assumindo que as outras pessoas não foram ainda infectadas ou vacinadas. Isso pode chegar a 18 no sarampo, que é a doença mais contagiosa conhecida. A gripe sazonal normalmente tem um R0 de um a dois. O número de reprodução é afetado pela imunidade da população (incluindo vacinas disponíveis), rotas de transmissão e medidas de controle. Sem medidas de controle, o COVID-19 R0 foi estimado em três a quatro. Isso resultou no crescimento exponencial de infecções no início.
Com as medidas de controle do distanciamento social, o COVID-19 R0 está agora estimado em muitos países em torno de um. Isso mostra que as medidas foram eficazes e que achatamos a curva. Mas precisamos manter essas medidas até atingirmos uma imunidade mais alta, naturalmente ou através de vacinas, para evitar o aumento do número de infecções novamente.